Quando nasci tinha três mães, agora só tenho uma, aquela que me aguentou 8meses na sua barriga e me deu toda a atenção do mundo. A Vovó e a Mimi foram as minhas segundas mães, aquelas que cuidaram de mim quando a mãe tinha que ir trabalhar.

  Aos 14 anos fiquei só com 2 mães, a Vovó depois de muitos sustos e um ano doloroso partiu para um lugar distante de nós passados 14 dias de ter feito 89 anos. A minha maior perda porque já era crescida e já sabia o que se passava, foi o ano onde tive que crescer mais, o ano das mudanças, escola nova, ensino novo sem a pessoa que sempre se orgulhou de mim. Tenho pena que ela não possa ver a mulher em que me tornei, gostava de um dia lhe dedicar um prémio!

  E quando eu pensava que a morte estava longe da nossa família, que tudo ia correr bem, um curso novo, o que eu mais queria, finalmente o caminho certo... Heis que se vai a Mimi, não é justo! Sempre que há uma mudança de realidade algo de mal acontece, eu pensei que era desta que poderia deixar a minha avó mais orgulhosa através do meu trabalho, do curso de sonho (não aquele que eu lhe disse que um dia iria ser) e a Mimi me ia transmitir esse orgulho porque ela era como se fosse a minha avó... Nada apontava para este desfecho, estava tudo bem, eu nem sonhava que ela tinha uma doença, ela não saia de casa mas eu achava que era por não gostar de confusões e como tinha de fazer as tarefas domésticas, para mim sempre foi normal, agora percebo que tudo tinha um motivo que sempre me esconderam, ela não viveu o tempo suficiente para me contar. Orgulho-me de lhe ter ligado no dia anterior, ela disse me que estava tudo bem, depois contaram-me que ela ficou super contente com a chamada, não merecíamos isto! É tão difícil voltar aquela casa e saber que tu não vais estar lá, às vezes imagino que tu estas na cama a descansar e por isso não apareces para jantar. A quem é que eu vou contar as minhas histórias?!

  Espero deixar-vos orgulhosas de mim!!